World of Warcraft: Cataclysm

Colocamos as mãos na expansão de MMO mais aguardada do ano

O gigante do universo online não nos decepcionou. Embora World of Warcraft já esteja envelhecendo — completa seis anos de existência em novembro deste ano — e mostre os sinais da idade, a Blizzard prova mais uma vez sua excelência na criação de jogos eletrônicos. O Baixaki Jogos conseguiu acesso à Beta fechada da próxima expansão do título, Cataclysm, e conferiu um pouco da quantidade gigantesca de conteúdo novo disponível.

Presenciando a metamorfose

Como já mencionamos em nossa prévia anterior a respeito do game, uma das maiores novidades da expansão é a inserção de duas novas raças: Goblins e Worgens, para a Horda e para a Aliança, respectivamente. Para fins deste artigo, testamos primariamente a experiência Worgen, de forma a verificar o que foi introduzido de novo já desde a criação de personagens — mas também demos uma olhada rápida na classe Hunter, que foi completamente remodelada.

Worgen é o nome dado aos cidadãos da nação de Gilneas, após terem sido afligidos por uma maldição que os transformou em uma espécie de lobisomens. O reino esteve isolado do resto do mundo desde o final da Segunda Guerra (na cronologia de Warcraft) por meio da Greymane Wall, uma grande muralha que bloqueava o acesso à península na qual Gilneas se situa.

A maldição causou uma guerra civil sangrenta envolvendo os transformados e aqueles que ainda não tinham sido afetados, resultando em caos por todo lugar. Para complicar ainda mais as coisas, os Forsaken — facção de mortos-vivos liderada por Sylvanas, os Undead com os quais os usuários podem jogar — invadiram o reino e começaram a devastar todos os vilarejos.

A consequência imediata do confronto é a evacuação de vários pontos de Gilneas e de um conflito acirrado que acaba por retirar os cidadãos do isolamento — e eventualmente voltar a apoiar a Aliança, como forma de se proteger contra os novos inimigos e lidar com a maldição. Um ponto importante é o auxílio dos Night Elves em revelar os segredos da metamorfose, que é muito mais antiga do que parece a princípio.

Essa trama toda é a base para o desenvolvimento inicial dos personagens Worgen. O jogador sai do nível 1 como um humano local e presencia todos esses acontecimentos, que acabam por levá-lo para fora das muralhas e, de fato, tomar parte nos eventos do mundo de Warcraft. Tudo de forma muito mais envolvente do que foi feito anteriormente para as outras raças.

É interessante notar o novo estilo de arte e de ambientação introduzido em World of Warcraft para situar os Worgens. As construções, o meio-ambiente e até mesmo as vestimentas dos personagens refletem algo de muito diferente do resto da Aliança — o que era de se esperar, considerando o isolamento.

Homens de cartola e fraque, mulheres com vestidos escuros e um estilo sóbrio permeiam a sociedade de Gilneas, lembrando bastante os tempos da Inglaterra vitoriana — especialmente se considerarmos o caráter marítimo, já que a nação está cercada por água de quase todos os lados, e isso também se reflete na construção de sua identidade.

Explorando novos horizontes

O lado mitológico da nova raça é certamente bastante interessante, e contrasta bem com o perfil tradicionalmente “bonzinho” das outras facções disponíveis para a Aliança. Mas essa é apenas a porção mais superficial das mudanças introduzidas por Cataclysm, que se revelam em toda sua extensão na hora em que olhamos para as mecânicas de jogo que foram alteradas e aprimoradas — ou mesmo algumas completamente novas.

A mais notável quando se joga com a nova raça da Aliança é a mecânica chamada de phasing. Ela já foi vista em Northrend, na expansão Wrath of the Lich King, e consiste da alteração do mundo de jogo para um personagem específico, conforme ele progride pelas missões do mundo e presencia acontecimentos importantes que têm impacto na história geral. Um bom exemplo é a alteração de um determinado local, que antes abrigava certo edifício e depois passa a possuir outras edificações.

Em Cataclysm, isso será explorado de forma muito mais integrada à experiência de jogo — e também muito mais extensa. Quando terminamos uma missão, por exemplo, e fomos conversar com o NPC responsável para obter nossa recompensa, o chão da casa tremeu todo e muita poeira caiu do teto. Após reações espantadas dos personagens em torno, fomos para fora da construção e percebemos que toda uma parte da costa havia sido destruída, e que a água invadiu grande parte do que antes era terra.

Tudo isso sem nem sair da zona ou mesmo ir para longe. Além do mais, o impacto foi realmente impressionante, já que o terreno — e também o mapa da região — foi modificado pesadamente, influenciando a jogabilidade e as próximas missões disponíveis no local. Missões estas que frequentemente têm relação com os acontecimentos desencadeados, dando uma sensação mais pessoal ao MMO que geralmente só é vista em RPGs offline.

Por falar em missões, elas continuam a aumentar em variedade e estão ainda mais relacionadas ao momento em que o personagem se encontra. Não encontramos nenhuma que nos dissesse para matar 40 goblins — mesmo porque estes agora são uma raça da Horda, e controlados por jogadores! — e coletar as lanças que eles carregam. Ou seja, uma evolução para melhor que esperamos encontrar também nas zonas reformuladas das outras raças.

Outro ponto importante é a eliminação dos rankings de magias. Agora o personagem aprende determinada habilidade em nível específico e ela se aprimora gradativamente conforme ele passa de nível. Ou seja, não é mais necessário voltar ao treinador para aprender bola de fogo pela décima vez.

Finalmente, a interface passou por uma revisão pesada. Inúmeras tarefas foram facilitadas, o jogo ficou visualmente mais agradável e existe uma interação muito mais fluida entre todos os elementos que compõem o game. Tudo visando uma eficiência maior e tentando simplificar uma parte do jogo que estava se tornando cada vez mais complicada para os iniciantes.

Jogadores veteranos, por sua vez, ainda devem esperar mais um pouco para conferir as mudanças que mais lhes afetam: os talentos de classe. Isso porque a Blizzard já anunciou que irá cortar as árvores de talento para um máximo de 31 pontos por especialização — quando testamos o game, o sistema antigo ainda estava em vigor, então não há porque discorrer sobre ele.

Essas são as mudanças mais notáveis, que afetam qualquer jogador imediatamente após a instalação da expansão. Mas existem inúmeras outras que também modificam o game de forma significativa, e fazem valer o investimento em mais um pacote de expansão do MMO mais bem-sucedido de todos os tempos.

Até mesmo os visuais receberam atenção, por mais que a engine de World of Warcraft já seja bastante antiga. Efeitos de luz e de água — e especialmente dos dois juntos — melhoraram tanto que ficamos impressionados com os resultados. É realmente algo que não era esperado, e certamente contribui para o aumento da longevidade do título.

Espiando os níveis 80+

Após verificar as novidades que afetam desde os iniciantes até os mais veteranos, resolvemos dar uma espiada em um personagem de nível 80. A classe escolhida foi Hunter, pela remodelagem profunda pela qual passou — agora ela não usa mais mana como recurso, e sim Focus, o que resulta em modificação significativa de todos os seus aspectos.

Ao entrar no mundo de jogo como um personagem de nível alto, o que se percebe imediatamente é a mais divertida das alterações da expansão: é possível voar em Azeroth. Após seis anos vendo tudo do chão (com a exceção das viagens por grifos e similares), é extremamente gratificante poder conferir todo o mundo de Warcraft por todos os ângulos.

No caso específico da classe que escolhemos, as mudanças de mecânicas são tão importantes que seria preciso falar apenas sobre elas em um texto próprio para cobrir tudo em detalhes. Mas, na nossa opinião, mudou para melhor e a Blizzard está no caminho certo para consertar uma das classes mais problemáticas do jogo, que possui problemas de equilíbrio desde o início do MMO.

Tudo isso considerado, nosso primeiro teste próprio com Cataclysm revelou o estilo tradicional da Blizzard, de primar pela qualidade acima de tudo. As mudanças são extensas, a quantidade de conteúdo novo é impressionante e a preocupação com as demandas da comunidade é flagrante. O custo-benefício desta expansão é um dos melhores que se pode obter de um game atualmente, para quem gosta de MMOs.

Resta esperar ansiosamente para que o slogan tradicional da Blizzard — de que o jogo só sairá quando estiver pronto — se complete e tenhamos uma data de lançamento.